26 de jun. de 2011

Resenha: Enduro - Atari 2600





Enduro, para Atari.



Defendo a tese de que o Enduro é jogável até hoje. A maior parte dos jogos de Atari envelheceu muito. E quando digo "envelheceu", falo de ter sido bom na época, mas hoje, pelos avanços obtidos nos consoles, e a consequente mudança nos parâmetros de qualidade e dos gostos dos gamers, não ser mais considerado tão bom, tão fascinante como antes. Enduro, creio, é uma louvável exceção, e pena que poucos lembrem dele ainda, talvez pelo fato de ser muito simples, e de ter gráficos típicos de Atari (NES ainda o pessoal engole, mas a qualidade dos gráficos anterior a isso tem baixa aceitação).



Eu penso que os gráficos do Atari são maravilhosos: um gráfico minimalista, com cara de Atari, lembrando uma era mágica dos games, em que poucas cores, formatos básicos, e muitos pixels, estimulava mais a imaginação do gamer que um jogo realista de PS3. Enduro é um jogo bonito. Os carros são coloridos, e na maior parte das vezes, estão sobre um fundo escuro (preto ou verde), gerando um constraste muito bonito. As pistas têm curvas, não curvas sinuosas como uma pista de fórmula 1, mas curvas mais largas, como se fossem pistas de Fórmula Indy. No entanto, a maior parte do jogo se dá numa noção de linha reta, como um rally mesmo, que se passa ao longo de vários dias.



A sensação de progresso pelo jogo é incrível. Cada fase é um dia completo, marcado de forma clara e charmosa pelo grafismo do jogo: de dia, o cenário é verde, a pista tem um visual claro, e o céu é azul. Com o tempo, o céu fica alaranjado, e temos um belo entardecer. Outras mudanças climáticas também acontecem, inclusive com impacto direto na jogabilidade: em determinado momento, a pista se enche de neve, com o carro ficando com uma movimentação mais lenta. Em outro momento, temos um trecho de neblina, e a visão do jogador fica prejudicada, apenas enxergando os faróis dos carros adversários quando estão muito próximos, tornando mais difícil a ultrapassagem.



É um game muito prazeroso, com um ritmo de jogo muito rápido. É necessário desviar de todos os carros que estão ao seu lado, à medida que você acelera rapidamente e os ultrapassa. Se você bate, perde um tempo precioso, e pode arriscar não completar a corrida ainda naquele dia (o dia do jogo). O fator replay do game é infinito, pois o jogo não tem fim: você pode sempre voltar e tentar melhorar o seu score.



É um jogo que testa o reflexo dos jogadores, quase como um jogo de nave, em que o jogador deve ser rápido o suficiente para se desviar de todas as outras naves e de todos os tiros. Aqui, não há tiro e nem naves, apenas carros, mas a essência do jogo está em desviar de todos eles, para isso controlando de forma precisa o piso no acelerador. Aliás, esse é outro detalhe interessante: você pode definir exatamente qual é a velocidade com que você quer progredir no jogo, pois o mínimo toquinho no acelerador muda a sua velocidade, e não é necessári ficar segurando o acelerador, basta definir a sua velocidade e pronto. Isso é desafiador e deixa o jogo mais divertido, porque você tem que saber equilibrar bem sua real habilidade com o seu senso de ousadia. Jogadores mais ousados, mais confiantes e experientes, vão estabelecer uma velocidade mais alta. O jogador que não for assim tão bom, mas quiser ser mais rápido, será punido imediatamente com várias batidas, pois não terá reflexo suficiente para prosseguir sem as colisões. Um fator risco-recompensa muito bem aplicado, como aliás era comum nos bons jogos de Atari.



A satisfação em jogar o jogo é imensa, porque você pode saber o seu progresso através de um score mais "hardcore", que é uma kilometragem que é marcada na sua tela; e também através de um score mais simples, que é o dia em que você atingiu. A partir do dia 3, o jogo fica bem mais difícil, é preciso ultrapassar muitos carros num período de tempo muito limitado. Chegar ao dia 5 é um feito tremendo, e você irá se sentir muito bem quando conseguir fazer isso. É um jogo bem recompensador.



Como todo bom jogo de corrida, o prazer do som está em ouvir o ronco do motor, ressoando alto e trazendo a sensação de velocidade. Aqui, temos o som limitado do Atari, um tanto distorcido, mas que traduz bem a aceleração do carro.



Um game que, arrisco dizer, traria prazer até mesmo para a geração "Gudofó", proprietária dos PS3 da vida, porque é um jogo com uma premissa simples mas muito consistente. Até multiplayer dá pra dizer que ele tem: como é comum nos jogos de Atari, o objetivo do jogo é a própria pontuação em si, e os jogadores podem se revezar, disputando quem pontua mais alto. Mas para não ficar só na coisa enfadonha por pontos, há a satisfação de vencer mais um dia de corrida, como se fossem fases de um game mesmo.



E se você tiver paixão pelo mundo dos games, vai também saber apreciar o belo visual retrô que esse clássico proporciona. Um visual minimalista e bonito, com cara de videogame, no melhor sentido que isso possa ter.



Fonte: brchan /jo/

1 comentários:

cesar disse...

eu quero este jogo

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